Kiznaiver: um bom anime de conexões rasas







Hoje, encerro os comentários dos animes da temporada passada. 

Sim, você estaria no mesmo universo do seriado da Netflix, Sense8 (que por sinal é bom, assistam!). mas não estou falando apenas de vivenciar o mesmo ambiente do próximo, mas sim sua dor. É sobre isso que Kiznaiver se trata. De dores compartilhadas. Nesse anime, vamos acompanhar a vida de Katsuhiro, um menino bastante introvertido, que não sente mais nenhum tipo de dor física. De inicio, não sabemos o porquê para isso. No entanto, isso logo muda, quando ele acaba entrando para o grupo dos ''Kiznaivers'', onde nada mais é do que estar conectado com outra pessoa, para assim tentar alcançar a paz mundial. Ou seja, se um levar um tapa na cara por exemplo de alguém, o grupo todo sente a dor do impacto. Será que esse experimento é o melhor caminho para tentar trazer um '' mundo melhor'' para todos? 

Proposta interessante, visual bonito. O estúdio Trigger caprichou na animação original, ao investir em uma produção nova, com a mesma qualidade técnica de Kill la Kill (2013/2014). Certamente foi um tiro no escuro com atiradores profissionais. Com o roteiro de Mari Okada (o cara que trabalhou em Fate/Stay Night, Gosick, Ano hana, e tantos outros, incluindo o Gundam recente), e as ilustrações de Shirow Miwa e Mai Yoneyama (ambos experientes em designer,seja na série Dogs: Bullets & Carnage ou na própria finalização animada em Kill la Kill) Kiznaiver chegou com a direção de Hiroshi Kobayashi, diretor-assistente do anime Rage of Bahamut, e de um episódio de Kill la Kill. O anime finalizou com 12 episódios, e um mangá em fase inicial.
Ps: Desafio você a contar quantas vezes falei kill la kill só nessa estrofe.

Agora você deve estar se perguntando; de onde vem esse nome estranho do anime que parece que saiu de um espirro de alguém? Eu te respondo meu caro leitor curioso. A definição do anime veio de uma cidade japonesa fictícia chamada Sugomori City. E como dito anteriormente, ser um Kiznaiver significa que você vai sentir a dor do outro. Esse experimento veio do Sistema Kizuna, onde é uma implementação com a finalidade de alcançar a paz mundial, conectando as pessoas através de suas feridas. Todos aqueles que estão ligados ao sistema são chamados de Kiznaivers. Quando um sente uma dor, o sistema Kizuna transmite o ferimento entre os outros que fazem parte do ''clube do bolinha''. Para ser mais exata, em uma entrevista, o roteirista Okada declarou que a palavra-chave da série é ''kizuna'', que significa ''conexão''.


poster daora, eu tive que deixar grandão aqui, desculpem-me T.T
O imbecil, o normal duas caras, a moralista inoportuna, a imperatriz, a lunática excêntrica, o rebelde musculoso, e por ultimo, o imoralista. Os sete personagens principais, por mais que tenham características distintas, nenhum consegue se tornar interessante ao meu ver. Já adianto que eles não são ruins, até porque eles fazem a história caminhar como tinha de ser, no entanto, não me simpatizei por nenhum deles, e muito menos, senti que o romance na série funcionasse de um jeito que trouxesse algum resquício de emoção. Kiznaiver não funciona nesse sentido, e nem como ficção científica, já que todo o sistema implementado no anime é morno e sem sal. Porém, acredito em Kiznaiver como drama. Mesmo que a mensagem principal, a de ''dores compartilhadas'' passasse a ficar tão abatido conforme os episódios passavam. Eu acho que mesmo que exitam personagens clichês, o drama funciona de um jeito ou de outro. Hora de maneira exagerada, hora de maneira mais honesta, entretanto, sempre com boas intenções.

Kiznaiver também têm os seus momentos de comédia, mas é bem fraquinha. Afinal, acredito que o foco no anime nem é esse mesmo. O importante ali é o sentimento de conexão, que eles frisam tanto ao longo da caminhada. Senti que ficou muito saturado essa questão, por mais que a finalidade fosse esta. É como se eles estivessem frisando o tempo todo do que o anime se trata, mas nunca aprofundasse de fato nisto. Claro que existem a visão de fulano e ciclano sobre o tema, de como se sentiam, mas nunca uma aproximação verdadeiramente íntima, como o próprio anime pede. E isso falha por causa dos personagens serem tão chatinhos. Eu não me importei com ninguém lá, não existiu um motivo para que eu me identificasse com ninguém. Logo não me via ali. A emoção que tanto falam, se mostrou vazia. Nem um sentimento de repúdio consigo sentir no final das contas, porque não tenho razões para tal. Kiznaiver me foi uma experiência neutra.






















De contrapartida, eu gosto do tema. Assim como grande parte do público que viu, eu não dava muito por esse anime no começo. Os episódios iniciais são simples e um tanto quanto lentos, o anime quer que a gente se acostume e se enturme com os personagens, mas para mim, isso não teve grande efeito. A outra metade vai se tornando numa história mais séria, até que chega o final, pra confirmar de que Kiznaiver não é bom mesmo no romance, na comédia ou na ação. A única coisa que acho interessante (ainda que de forma não tão bem explorada como deveria) é o compartilhamento de emoções, pelas quais, para mim não me passaram nada. Toda vez que me lembro do pavoroso Mayoiga, Kiznaiver ganha alguns pontos comigo. Isso porque o roteirista Mari okada, parece que reservou seu bom gosto apenas para Kiznaiver, e deixou para escrever Mayoiga num dia preguiçoso. Ambas possuem muitos personagens para serem explorados juntos, e algo para ficar reflexivo por exemplo. Mas Kiznaiver perto de Mayoiga soa como um verdadeiro clássico dos últimos tempos. Um verdadeiro 7x01. Então, isso me faz pensar que Kiznaiver não é tão ruim, quanto se tem coisas piores.

Falando sobre o lado mais sensível da obra, eu gostei dos personagens se encontrarem por acaso através de um experimento, e mesmo depois dele, a verdadeira amizade surgir ali. Era uma rota de escapatória óbvia no fim das contas? Sim, com certeza, uma coisa dessas já era esperado. No entanto, não deixe de acrescentar algo para o tema proposto. De que só conhecemos as verdadeiras dores e sentimentos dos coleguinhas, quando passamos a ter contato e tudo mais. Kiznaiver poderia ser menos explícito nesses tipos de provocações entre relações humanas, porque ninguém merece assistir quase todo santo episódio, a mesma tecla sendo apertada. Desgasta. O que eu queria ver mesmo era algo novo dentro do assunto sendo discutido, e de preferencia, não de um jeito tão claro. Mas sim, sutil, e não, escrachado como foi. Nessas horas penso, que se Kiznaiver fosse um pouco Mayoiga nesse sentido, de não jogar na cara o tempo todo que se trata de um anime de sentimentos e relações, teríamos uma história mais verdadeira e inteligente.

Vocês dois são tão ........ méh.
Como não poderia deixar de ser, Kiznaiver tem uma animação linda feita pelo estúdio Trigger. Visualmente falando, não tem muito o que se criticar. Confesso que fui assistir o anime, justamente por aparentar ser um anime muito bonito. O plot não me foi tão atrativo. O designer do protagonista central por exemplo, tem lá o seu charme que me chamou a atenção. Gosto muito também da coloração escolhida em cada cena, da trilha sonora, da abertura que por sinal, foi uma das melhores da temporada. Enfim, foi tudo esperado desse estúdio. Se eu fosse você, assistira Kiznaiver só pela animação ser bonita. O esforço da produção, valeria uma conferida apenas por esse mérito.

Mas não se engane: Kiznaiver também têm suas qualidades dentro da história. É um bom anime para ver num dia qualquer. Não morri de amores, não me envolvi emocionalmente, porém, ainda sim, a intenção é boa, e em alguns momentos ele acerta, como por exemplo, quando ele deixa pra lá o que ele estava se tornando (história com jogo surviver) e sobe alguns degraus almejando algo mais sério. Pena que isso não se torna realidade no final, aquele alvoroço só serviu pra deixar as coisas com cara de final, porque de resto, Kiznaiver não é uma história urgente no fim das contas. A ambição se faz presente, e é um pouco triste saber que ele não consegue alcançar o almejado, a tão falada ''conexão'' comigo, seja através dos personagens, ou da mensagem que poderia ter se tornado mais forte e impactante. 






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