Tetsuo (1989) - Cinema Oriental


Textinho nessa semana sobre um filme locão que irá te deixar muito perturbado e reflexivo, caso assista. É bate bola, jogo rápido.

Tetsuo (1989)
Dirigido por: Shinya Tsukamoto

Nojento, assustador e estranho. Uma junção de David Lynch com David Cronenberg, Tetsuo é um filme experimental que critica a tecnologia post-industrial, com grande influencia no cyberpunk. Já imaginou como seria Akira em live-action? Pois não precisa só imaginar, agora você pode ver com os próprios olhos como seria isso com atores reais. Vencedor de dois prêmios (melhor filme do Fantafestival 1989, e do prêmio do publico de melhor filme no Sweden Fantastic Film Festival) esse filme é dirigido por Shinya Tsukamoto, fã descarado de obras surreais como o Eraserhead -basta apenas perceber o efeito semelhante por ele utilizado. Tsukamoto costuma exercer em seus filmes não só a função de diretor mas também de argumentista, produtor, diretor de fotografia, montador e ator. Uma curiosidade legal é que este filme em questão, foi baseado numa peça escrita por ele ainda quando frequentava o colégio. Produzido com baixíssimo orçamento, Tetsuo hoje em dia é considerado um filme cult.

Com apenas 67 minutos de duração, Tetsuo não é nada complicado de entender, no entanto, a narrativa pode confundir um pouco as coisas. O que você precisa ter em mente é o seguinte: um homem que se transforma numa ''pessoa'' de metal. Pronto. Não há nada que precise saber além disso. A graça da história vai estar ao acompanhar essa mutação que acontecerá gradativamente de maneira perturbadora. A forma como o aço é introduzido (literalmente) na vida do homem, diz muito sobre como o mundo transforma - quase que sem querer - as pessoas em máquinas. E o filme choca, ao mostrar o lado podre, sujo, grotesco, que isso acarreta a elas. Produzido inteiramente no preto e branco, Tetsuo realça não só nas cores escuras o terror e o medo, mas também fará isso com a narrativa esquisita que outrora se transbordará de muito barulho e no mesmo instante com um silêncio absurdo, com certa linearidade e em outras com a linguagem não-linear por alguns segundos/minutos. Vale ressaltar os ruídos industriais inseridos do começo ao fim, além de berros, gemidos, e gritos desenfreados. 

Tsukamoto pega as características mais humanas possíveis do homem - como por exemplo a sexualidade - e de algum jeito mirabolante irá mostrar que o metal esta inserido até mesmo nos momentos mais íntimos do ser humano. Tudo é encaminhado para o absurdo e isso fere a consciência de quem acompanha tudo com o olhar curioso e atento. Tetsuo é moderno, cibernético, e chocante - no sentido mais japonês da palavra.

Recomendo.


























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