O Gato de Botas (1969) - Nagagutsu o Haita Neko
























Senhoras e senhores, vistam seus melhores trajes, vamos conversar sobre o mascote da Toei Animation? 

Pra quem não sabe, eu já adoro por natureza quase todo tipo de coisa antiga. Mas isso não significa que aplaudo tudo que foi feito na época de nossos pais e avós. Tem coisas que me causam certa repudia na hora de tragar. Parece que passou da data de validade, sabe? Em compensação existe umas que faz meu coração pulsar de satisfação. Pensando nisso, quero poder trazer aqui tanto coisas boas como ruins. Daí você pode pensar '' Tá, mas por que trazer à tona também obras ruins?''. A resposta é bem simples. Porque as resenhas servem para discussão. Minha opinião não é, e nunca será verdade absoluta. Quero promover sempre o debate. E é isso que proponho aqui hoje.  Uma analise opinativa para tentar descobrir se a obra em questão já passou da validade. Se a magia imposta nela ainda continua a mesma. Ou então pode ser que essa magia nunca existiu na época, mas hoje possui um grande significado.

Por isso, não se assuste quando ver uma resenha de algo muito antigo aqui. Não se sinta desconfortável. Pelo contrário. Puxe uma cadeira, pegue um café, porque tenho certeza que teremos uma conversa bastante agradável. Beleza? Então lets go!


Nagagutsu o Haita Neko ou então O Gato de Botas é uma animação tradicional de 1969 com aventura, comédia e música, foi 15º Movie produzido pela Toei Animation (Toei Doga até então) e o segundo a ser dirigido por Kimio Yabuki. O roteiro e as letras foram escritas por Hisashi Yamamoto e Inoe Morihisa, é baseado no conto de fadas literário francês de mesmo nome por Charles Perrault, expandiu-se com elementos de Alexandre Dumas com animais engraçados, com muitos outros animais antropomórficos (kemono em japonês), além do personagem título. A versão Toei do personagem em si foi chamado Pero, depois de Perrault.

O anime é particularmente notável por dar Toei Animation seu mascote e logotipo e para a sua chamada de top animadores da época: Yasuo Otsuka, Reiko Okuyama, Sadao Kikuchi, Yoichi Kotabe, Akemi Ota, Hayao Miyazaki e Akira Daikuhara, supervisionado a animação do diretor Yasuji Mori e deu uma rédea relativamente livre e suporte adequado para criar sequências virtuosissímas e distintas, tornando-se um exemplo-chave do modelo japonês de divisão do trabalho em animação pelo qual os animadores são atribuídos por cena ao invés de caráter. Mais famosa dessas seqüências é uma perseguição em parapeitos do castelo, animado em cortes alternados por Otsuka e Miyazaki, que serviria de modelo para sequências similares em animes posteriores como début de feature-directing para Miyazaki début em Lupin III: O Castelo de Cagliostro. Miyazaki é também o artista do mangá de uma adaptação de quadrinhos do livro promocional do anime, originalmente serializado na Chunichi Shimbun em 1969, em que é creditada a Toei Doga como um todo, e republicado em 1984 no livro sobre o making of do anime.

O Gato de Botas conta a história de Peralt que foi condenado a morte por salvar um rato, então ele decide fugir, mas três enviados do rei dos gatos o perseguem sempre, na fuga ele conhece um garoto orfão chamado Pierre que tem dois irmãos extremamente egoístas Daniel e Raymond que querem ficar com toda a herança apenas para eles, no entanto acontece uma tremenda confusão e Pierre é expulso de casa.
Então decidem viajar pela França, até que conhecem a princesa Rosa e o Rei do qual está procurando o homem mais rico e mais corajoso para ajudar a filha, pois o Lúcifer, O Rei do Inferno, apareceu querendo se casar com Rosa e ameaçou que mataria o pai dela e alastraria o país caso Rosa não se case com ele. Então Peralt decide inventar umas “mentirinhas” aí tudo começa. (Informações tiradas do blog do Denelson)


Engana-se quem pensa que assistir um filme desses nos dias de hoje dormirá feito um coelhinho. É um filme pra se divertir horrores, e lembrar com carinho mais tarde. Por mais que se trate de um filme de fantasia, os produtores não se preocuparam em nenhum momento em explicar como aquele mundo funciona. As coisas simplesmente vão acontecendo, e quando você se dá conta, estaremos tão imergidos na história, que certos detalhes não nos interessam mais. Como por exemplo, como que os gatos conversam com humanos de forma tão natural. Por que que o vilão possui aqueles poderes só por causa de um colar, como surgiu àquilo? Pois bem, trate de esquecer essas perguntas desde já. Afinal de contas, essas questões não respondidas não irão te prejudicar em nada. Muito pelo contrário. Só irá abrir caminho para uma animação bem fluída e de fácil digestão. Portanto, O Gato de Botas é aquilo que você deve imaginar só pelo nome. Uma história de fantasia com leves pitadas de humor nonsense. 

Perceba pelo poster ali em cima que a animação é simples, não existe nenhuma cena que você olhe e fique pasmado pelo quantidade de detalhes. Isso não existe aqui. No entanto, é um filme que pode ser facilmente comparado com a animação da Disney da época. Sim, por mais que uma e outra coisa sejam incomparáveis, até em questão de recursos usados, no entanto, O Gato de Botas possui a mesma qualidade que qualquer outro filme da Disney possui. As músicas que alguns personagens cantam em alguns momentos, confirma ainda mais essa impressão. O clima é o mesmo. O resultado também. É impossível não ficar encantado com a doçura e delicadeza da obra. Por mais que o humor bobinho pareça um dos elementos mais fracos inseridos aqui, certamente, tomará um tapa na cara quando se deparar com algumas situações. Com certeza o humor é um dos pontos mais forte do filme. Não é algo que arranque gargalhadas extremas, mas eu duvido que você não se divirta com alguns diálogos.   



O gato principal, Perrault - até então símbolo da Toei Animation - é o personagem que faz jus ao seu nome. Pense num gato enérgico e sabichão. Pode ser que imaginar isso faça você se remeter ao Tom de Tom e Jerry. Só que eu diria que a personalidade dele está mais parecida com o do Jerry do que com o do Tom. Aquela roupinha que ele usa deixa o personagem ainda mais engraçado ao meu ver. Ao colocar meus olhos nele, foi simpatia à primeira vista. E pra não deixar por menos, ao longo das cenas, ele faz por merecer. Esbanja carisma do começo ao fim. É ele que faz a história caminhar, por mais que o filme não trate sobre ele. Sim. Eu sei que o nome do filme faz referencia à ele. Só que não é sobre o gato Perrault. É sobre as atitudes dele. Deu pra sacar qualé? Ele é o protagonista sem ser de fato o protagonista. Ele está ali incluído dando a todo momento gasolina pra história andar, mas para que os personagens secundários dirija à história. É ele quem incentiva os personagens à tomar as atitudes que devem tomar, ele controla, manipula no bom sentido as coisas, porém, por mais que não consiga ter o controle cem por cento de tudo, é aí que está a graça. As situações inesperadas surgem pra trazer mais caldo à sopa, as reações que ele tomará em relação à elas são as melhores.

O futuro príncipe Pierre, e a Princesa, têm personalidades de certa forma bastante parecidas. Ambos são ingênuos, só que essa ingenuidade toda vai perdendo a força conforme o gato Perrault os aconselha sobre as situações. Parando agora pra pensar, eu diria que nem é conselho, ele praticamente ordena que as coisas sejam do jeito que ele quer e assim acontece, lol. Entretanto, não encaro isso como algo ruim. Perrault rouba a cena sutilmente, sem tornar essas atitudes forçadas demais. E isso é muito bacanudo.


Ao contrário de alguns filmes do mesmo porte do passado, O Gato de Botas possui sim um grande vilão. No começo, o filme dá pistas falsas de quem será o responsável por tirar a paz do Perrault e de seus novos amigos. Como por exemplo, os irmãos maldosos do Pierre que o abandona sem dó e nem piedade em plena chuva ou  então os gatos e ratos que perseguem Perrault, seja para matá-lo ou para só roubá-lo. Mas para frente, pode ser que você tenha a mesma sensação que eu tive, de que o rei, consequentemente pai da princesa, seja o real empecilho, por não querer que o filho de um camponês case com sua filha. Só que depois descobrimos que não é uma coisa e nem outra. Perrault ''samba'' na cara desses pequenos perigos, e tenta em muitos momentos domar o real vilão da história, o poderoso Lúcifer. Esse vilão, por mais que seja extremamente poderoso, e traga ainda mais o clima fantasia e magia no ar, é um personagem bastante bobão. Perrault e os outros gatos e ratos brincam com ele de forma que o desmereça do cargo de poderoso. Ainda sim, é um cara que foi sem dúvida essencial na história, pra trazer ainda mais combustível para o filme. Enfim, ele parece um pedófilo AHEAUHEUHUAH



Voltando para a pergunta lá do começo; não acho que O Gato de Botas passou da validade, ainda hoje é um filme pra se digerir em perfeitas condições. Claro, alguns pequenos valores se perdem, como por exemplo o fato de que é difícil ignorar a falta de algumas explicações. Mas eu garanto que essa uma horinha que você vai gastar com esse filme lhe faram esquecer a seriedade, sem comprometer  em nada experiencia.  

O final foi aquilo dentro do esperado, mesmo se deparando com isso, foi um filme que me surpreendeu. Não considero uma obra prima, mas foi um dos filmes que mais me divertiu recentemente. A atmosfera descompromissada, me leva à um só veredito: cativante. Perca qualquer receio que por acaso você tiver com obras antigas ou com visuais simples assim, e apenas deixe ser levado pela vibe. Deixe Perrault te contagiar.

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